quarta-feira, 3 de setembro de 2008

GALOPE A BEIRA MAR

"O Galope a Beira Mar deve ser cantado em assuntos praieiros, louvando as belezas do mar, que servem de inspiração poética ao violeiro. A distribuição de rima do Galope a Beira Mar é: ABBAA AR AR CC AR. É oportuno salientar que o Galope a Beira Mar pode usar refrão para fechar a estrofe. O uso de refrão é facultativo e varia de repentista para repentista. Os mais comuns são: 'Nos dez de galope na beira do mar', 'Cantando galope na beira do mar', 'Só canto galope na beira do mar', etc. O Galope a Beira Mar apresenta variantes. O primeiro tipo foi criado pelo grande repentista Manoel Galdino Bandeira, e difere do Galope a Beira Mar tradicional apenas no número de sílabas dos versos primeiro, sexto e décimo, que são heptassílabos, enquanto os demais são hendecassílabos. Do seu criador, uma estrofe desse tipo de galope a beira mar:
'Mas vai Bandeirinha
No fuso, na prensa, na roda, no veio
Na linha, na corda, no cabo e arreio,
Arreio, no cabo, na corda e na linha
Na vossa, na tua, na dele, na minha
Vamos improvisar
Na fortuna, na dita, na sorte, no azar
No baque, na queda, no murro, no soco
Na boiada, na lama, no carro, no toco
Do galope beira mar'
O gênero em referência não mereceu boa aceitação, entrando logo em desuso (...). O galope surgiu da inspiração do repentista na cadência da musicalidade das ondas do oceano, num movimento de tanta perfeição, que parece uma orquestra sinfônica. O jogo das águas são notas musicais compondo a sinfonia que Deus escreveu, e deixou o homem como fonte perene de criatividade na sensibilidade da poética. Nascido no berço sagrado da inspiração, o galope não deve e nem pode afastar-se do trono originário, para não perder a essência estética que o definiu como estilo insuperável da arte de versejar. Os versos que compõem as estrofes de galope precisam conduzir, na intimidade da inspiração, o cheiro das águas no seu reboliço das ondas, que quebram no beijo amoroso, no colo da praia.
Tirar o galope da história dos mares é como calar os passarinhos, apagar a luz das estrelas, retirar as águas das cascatas, extirpar as pétalas das roseiras, mutilando a natureza e destruindo o belo. O galope deve ter o sabor das águas salgadas, na visão contemplativa do abraço e do beijo que o infinito realiza no ponto de encontro do céu com a terra, que os olhos contemplam sem poder pegar. Tirá-lo de seu nascedouro é violentar suas origens, empalidecendo o gosto e o brilho no monumento do belo".
- Conteúdo retirado do livro: Nos Caminhos do repente, de Pedro Ribeiro, 2ª ed. Alínea Publicações Editora, 2006.
"O galope à beira-mar foi criado pelo repentista cearense José Pretinho. Conta-se que ele, após perder um duelo em martelo agalopado, foi retirar-se à beira-mar, e ali, vendo e ouvindo o marulho, imaginou o som de um galope. E fez os versos de onze sílabas (hendecassílabos), com a mesma estrutura de décima (estrofe de dez versos). Manteve o esquema rímico ABBAACCDDC usual no martelo agalopado".
- Conteúdo retirado do site Wikipédia.
Agora vamos praticar. Para DOWNLOAD, temos um desafio entre OS NONATOS, no Primeiro Grande Encontro de Poetas e Repentistas, realizado nos meses de abril e maio de 1999, em João Pessoa, Estado da Paraíba. O link para baixá-la vai a seguir: http://www.4shared.com/file/61590171/55bbbfe2/O_Serto__Galope_a_beira_mar__-_Os_Nonatos.html
Agora vamos à comunidade Oficina do Cordel praticar.
Um abraço a todos.

COQUEIRO DA BAHIA

"O estilo Coqueiro da Bahia é resultante da fusão da sextilha com o estribilho: Coqueiro da bahia / Quero ver meu bem agora ? Quer ir mais eu vamnos / Quer ir mais eu vambora. A obrigatoriedade da metrificação é apenas para sextilha, que utiliza versos setissílabos, com a mesma métrica e acentuação. A distribuição de rima inclui a sextilha e a quadra do estribilho, perfazendo uma décima na formação a seguir: ABBCCDDCEC. Assim, os versos um e nove são livres; as linhas dois e três rimam iguais; enquanto os pés quatro, cinco, oito e dez têm a mesma terminação; e os versos seis e sete com rimas idênticas. Esse estilo foi criado recentemente, mas já conquistou preferência das platéias que o exigem nas cantorias e festivais.
No palco da natureza
Eu ouvi os passarinhos
Cantando, fazendo ninhos
Na copa verde da flora
No despertar da aurora
Vem surgindo um novo dia
Coqueiro da Bahia
Quero ver meu bem agora
Quer ir mais eu? Vamos
Quer ir mais eu? Vambora
Quer ir mais eu? Vamos
Quer ir mais eu? Vambora.
Os Nonatos criaram uma variante do Coqueiro da Bahia, modificando apenas o refrão e eliminando a expressão "Coqueiro da Bahia". Destarte, a estrofe é encerrada a partir do sétimo verso:
A gente gostaria
De chamar o povo agora
Quer ir conosco vamos
Quer ir vamos embora
Quer ir conosco vamos
Quer ir vamos embora."
- Conteúdo retirado do livro Nos Caminhos do Repente, Pedro Ribeiro, 2ª edição, Alínea Publicações Editora.

Link para DOWNLOAD de um áudio onde o gênero é usado pelos repentistas Geraldo Amâncio e Sebastião Dias: http://www.4shared.com/file/61588886/bb420c5e/02_Coqueiro_da_Bahia.html

Agora é nossa, vez, baixem o áudio e vamos versejando aqui.
Abraços,

João Rolim.

Comecemos nossa Oficina...

Poetas e interessados, a partir de hoje, iniciaremos postagens e uploads de mp3 dos diversos gêneros da cantoria popular. Daremos uma breve introdução sobre o estilo do cordel, e logo em seguida será postado um arquivo para download, que poderá ser vídeo, mp3, etc, pra que as pessoas possam baixar e escutem/vejam na prática como se dá a melodia do gênero e treinem, com isso, na comunidade Oficina do Cordel, no Orkut, em tópico específico. Lembrando que o atalho para o link do gênero da semana se encontrará sempre na descrição da comunidade, bastando clicar e versejar conosco. Sempre façam o download do arquivo postado aqui antes de ir ao tópico, pra podermos nos familiarizarmos primeiro e a peleja/brincadeira ficar mais bonita.

No mais, um enorme abraço a todos.

Atenciosamente,

João Rolim.